sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Chame a polícia
Hobbes dizia que o homem é o lobo do homem ("homo homini lupus"), pois, diante da realidade de que todos têm direito a tudo, todos estão em guerra entre si. O que o homem mais deseja é a honra. Para isso, usa a violência competindo com outros, por desconfiança ou em busca de glória.
Para que haja uma limitação à discórdia, surge o Leviatã (Deus mortal), oriundo de um contrato por consenso, em que cada
um abdica de seu direito a possuir tudo o que quiser, em nome da paz.
Segundo Hobbes, o medo é que leva o homem a se antecipar perante os demais, atacando-os antes de serem atacados. O medo, atualmente, diante da insegurança, nos leva a nos encasularmos, tornarmo-nos individualistas.
Assim, em vez de um jardim compartilhado, sem cercas que dividam os terrenos, colocamos um muro entre nós e nosso vizinho, eletrificamos o muro, vigiamos seu perímetro com câmeras, colocamos um cão bravo para guardá-lo, tornando-nos, como lembrou um colega, presos em nossa própria cela, nossa casa.
Muitos se esquecem desse distanciamento em relação ao nosso próximo, ao depauperamento das relações sociais. Ao primeiro problema, reclamam da polícia, como se a polícia fosse o remédio para todos os males.

Mas alguém já disse que a polícia é o analgésico: tira a dor mas não cura. Quem cura são as doses homeopáticas das ações do Estado (Leviatã) para impor a paz. Isso não se faz, porém, com a força. A força é o analgésico. A homeopatia está nas ações preventivas voltadas para a preservação dos valores morais, de que a vida digna, em todos os aspectos, é pressuposto inafastável.

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