segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Vejam esse documentário, "Ilha das Flores", no link <http://portacurtas.org.br/busca/advancedSearch.aspx?field=g%C3%AAnero&term=document%C3%A1rio>

O documentário é muito bem feito. A repetição da característica dos seres humanos, não presentes nos animais, mas presentes em “todos” os humanos, que se entrelaçam na narração, funciona como uma espécie de mantra, para consolidar a mensagem. Muito inteligente.
A mensagem, por sua vez, se mistura como uma denúncia, um desabafo e um apelo. Ah, e uma certa ironia...
A denúncia se caracteriza pela exposição do nível de humilhação e abandono a que foi relegado aquele grupo humano. O desabafo está inserido até na participação dos miseráveis, ao mostrarem que possuem o polegar opositor. O apelo está na própria mensagem, para que nós e outras pessoas que a vejam, possam contribuir o pouco que seja para que esse estado de coisas não se perpetue.
Ali não se mostra o controle social, mas o total “descontrole social”. As pessoas não estão ali porque lhes foi imposto viver no e do lixo. É a falta de políticas públicas que as levaram a se submeter àquilo.
É o mesmo que ocorre nas ocupações dos morros e lixões que fazem nossa tragédia diária. Alguns poucos votos são muito importantes para que se evitem invasões e favelas, que se transformam em assentamentos ou conjuntos habitacionais populares em cima do chorume.
Não acredito que seja em nome do controle social que essas populações são abandonadas. Ninguém é tão perverso: por outro ângulo é ainda pior, ao não se dar conta disso.
O que os órgãos de controle têm com isso? O Judiciário só atua se provocado, nessas circunstâncias. Enquanto isso, a polícia atua solidariamente, procurando levar segurança e proteção a essas comunidades. E, contraditoriamente, às vezes, precisa ir ao mesmo local garantir uma desocupação determinada judicialmente.
E assim como aquele operário na Bahia, que se recusou, chorando, a derrubar uma casa humilde com seu trator de trabalhador da prefeitura, o policial fica entre a cruz e a espada, equilibrando-se sobre o que os americanos chamam de a tênue linha azul (blue thin line).  Isto é, se sair para a direita é abuso de autoridade; se sair para a esquerda é prevaricação.

Uma lástima.

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