segunda-feira, 31 de agosto de 2015

PÍLULAS

Uma das frases machistas que se ouve quando o tema é violência contra a mulher: "o homem não sabe porque está batendo, mas a mulher sabe porque está apanhando".
Este pensamento denota o machismo sem causa que perpassa, ainda, a cultura mundial, especialmente a ocidental.
Isso significa, na visão errada com a qual não compactuo, evidentemente, que o homem não sabe porque bate em razão de isso ser uma herança cultural. É como se fizesse aquilo por instinto. Já a mulher sabe porque apanha, isto é, ela foi feita para ser submissa; e apanhar é uma forma de se colocar nessa situação.
Isto está tão arraigado que até no início da Bíblia se diz que Deus condenou a mulher à submissão.
O fundamentalismo religioso, uma das características da dissolução de valores na complexidade social atual é um forte exemplo. A burka está aí para com
provar que a mulher ainda é vista como um ser inferior em muitos lugares.
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O ditado segundo o qual "o homem é produto do meio" trata-se de senso comum e, portanto, não tem aplicação científica. É uma constatação que ocorre na maioria das vezes, mas creio que a influência do meio não seja determinante do comportamento.
Acredito na influência da carga genética (aí estaria Lombroso?) para a formação da personalidade que, a meu ver, também, é influenciada pelos cuidados da primeira infância. Alguns cientistas dizem até que o feto tem sensibilidade e reage a manifestações carinhosas dos pais.
Então, parece-me que o tema não pode ser visto de forma exclusivista. Depende até da fase em que a influência do meio se manifesta.
Um bebê mal-amado, espancado, mal-cuidado, provavelmente vai ter uma personalidade doentia, rodeada de medo, insegurança e talvez até um desejo atávico de vingança contra o seu agressor. Daí para a desobediência, a rebeldia e o ingresso no mundo do crime é um passo.
Já um adolescente que sempre viveu num ambiente de respeito recíproco, se jogado num meio vicioso, dificilmente se corromperá. Temos bons exemplos de pessoas que crescem nesses ambientes e não se tornam bandidos, mas pessoas respeitáveis.
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É sabido que há uma tendência da mídia em dourar a pílula com relação às lideranças das "comunidades", isto é, o traficante que paga o botijão de gás da Dona Maria, o remédio da mãe dela, mas, ao mesmo tempo, alicia o seu filho adolescente para ser fogueteiro.
É como se quisessem resgatar a figura poética do malandro das primeiras décadas do século passado, que usava uma navalha, usava roupa de linho, falava manso e enganava os trouxas.
Hoje é AK 47 que o "Leviatã paralelo" utiliza para impor sua vontade, sem "democracia" ou "participação popular", com um código de leis muito mais severo que o do Estado verdadeiro.
As milícias nada mais são que bandidos travestidos de justiceiros que, a título de exterminar os demais bandidos, cometem outros crimes, extorquindo as populações e impondo o terror da mesma forma.

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