TEORIA DA PERSONALIDADE
Voltando à abordagem
sociopsicológica da violência e do crime, uma das teorias é a da personalidade, de Gordon Allport. É uma teoria
simples, mas ajuda a entender determinados comportamentos. Sustenta que a
conduta, expressão da personalidade tem dois componentes: o temperamento e o
caráter.
Segundo Allport, a personalidade é uma
mescla do temperamento e do caráter. O temperamento nasce com o indivíduo,
enquanto o caráter é moldado ao longo da vida.
Donde se pode fazer uma associação com a
discussão acerca da influência da biologia no comportamento criminoso.
Considerando que o temperamento é inato, pode-se concluir que existe uma carga
genética a influenciar o comportamento criminoso. Assim, as teorias de Gall e
Lombroso estariam no caminho certo, mas pesquisando o objeto errado. Não são as
características físicas que determinam o comportamento criminoso. São as
inatas, genéticas e, especialmente, as de natureza psíquica que “podem”
contribuir para a tendência ao crime.
Mas está certa, também, a teoria que
defende a influência do meio na formação da mente criminosa. Talvez haja mesmo
uma prevalência do caráter na formação da personalidade e, portanto, da
tendência criminosa.
Pode haver, contudo, uma prevalência do
temperamento, o que explicaria porque muitas pessoas vivem num meio totalmente
favorável à escalada criminosa e se tornam pessoas de bem.
Acredito que hoje em dia o caráter
prevaleça na formação da personalidade, diante da facilidade com que as pessoas
são influenciadas pelo meio, especialmente a mídia e a propaganda e a
miscigenação das tradições diante das facilidades de comunicação e transporte.
As tradições e costumes são um importante freio nos desvios de conduta e quando
eles se diluem, os desvios se tornam mais propícios.
A profusão das famílias monoparentais em
que a ausência da mãe é muito sentida desde cedo impede a sedimentação de
valores úteis na formação de um bom caráter. A falta do pai impede a criança ou
jovem de ter uma referência de liderança e exemplo, especialmente o homem, pois
ninguém quer ser “como a mãe”, na sociedade machista; então ele tem como
exemplo os chefes de gangues e quadrilhas.
É cada vez mais comum, na sociedade
ocidental, o desrespeito pelas pessoas idosas, que em outras sociedades são tidas
como referências de caráter, sendo até veneradas pelos jovens.
Compreende-se, pois, numa sociedade de
dirigentes bandidos, porque se abomina os ensinamentos de moral e civismo nas
escolas, como se isso fosse a volta ao regime militar ou alguma expressão da
filosofia da “lei e ordem” para o controle social da população.
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